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"Eu sou mais mãe que você!" - Um relato sobre a preguiça que eu tenho da competição matern

  • Foto do escritor: Manu Fraga
    Manu Fraga
  • 8 de mar. de 2016
  • 5 min de leitura

Já senti na pele. Não foi a primeira vez! Sim! Existe preconceito entre mães! Principalmente com aqueleas que assumem que precisam de ajuda, que não tem super poderes, que tem suas limtações e que não tem essa vontade estúpida de se auto-afirmar como pessoa só porque acha que desempenha o papel de super mãe...


Recentemente senti esse preconceito, essa rixa e picuinha de modo gritante...


Vítor começou a estudar tem pouquinho tempo, então as nossas manhãs de todo dia na pracinha tiveram que ser abortadas. Mas dia desses, enquanto ainda estávamos na fase de adaptação escolar e ele foi liberado mais cedo pois estava chorando muito, saímos da escola e fomos direto pra pracinha encontrar com a Luiza que estaria lá com a babá e assim poderíamos aproveitar uma das últimas manhãs todos juntos na praça perto de casa!


Enquanto estacionava o carro, avistei ao longe Luiza no colo da babá, no banco da pracinha e algumas mães também em volta conversando como é de praxe! Vítor e eu corremos para lá na esperança de encontrarmos alguns amigos (dele e minhas), mas as mães que estavam lá nesse dia eram todas desconhecidas para mim! Por coincidência, das 3 que lá estavam, duas estavam com bebês da idade da Luiza!


Assim que fui chegando o seguinte diálogo se deu com apenas uma delas (graças a Deus só uma preconceituosa!):


- Então você que é corajosa que tem um bebê de 2 anos e outra de 5 meses?

*Eu com minha cara de paisagem número 01.

- Oi (amigável)!!! SIM, eu que tenho dois bebês! Sei lá precisa ser corajosa... só gostar mesmo!

- Ahhh! Mas tava aqui falando com a sua ajudante que você só gosta tanto e tem essa coragem toda porque você tem babá né?

*Eu e a cara de paisagem n2!

Por aí já me veio uma súbita vontade de ser grossa e responder:

- "Aham! Porque se eu não tivesse babá e engravidasse com certeza eu teria jogado meus filhos no lixo né?"...

Mas respirei fundo e respondi apenas:

- Pra falar a verdade nem deu tempo de ter coragem ou medo... Meus dois filhos vieram no susto, sem planejamento, por vontade de Deus mesmo ai deu nem pra pensar em nada! Só esperarar acontecer!

- Nossa! Já ouviu falar de métodos contraceptivos? Camisinha costuma funcionar!

*Eu e uma cara que nem consigo imaginar ou descrever!

Minha resposta mental seria:

- OI!???? (nada amigável, do tipo "te conheço?"). Me passa seu endereço pra eu transferir a entrega dos boletos de cobrança das minhas contas lá pra sua casa?

Ou:

- "OI!???? Não tem camisinha que caiba o tamanho do órgão do meu marido não minha filha! E o homem é tarado comigo, não me deixa em paz! Eu durmo com aquelas camisetas de campanha de vereador e bermuda velha dele, furada, calcinha cor da pele, sutiã de amamentação, pra ver se o homem sossega, mas não adianta! Sou muito gostosa!"

Mas respirando fundo e usando toda a educação que minha mãe me deu, lá fui eu:

- Bom...sou desligada com a pílula, meu marido não é fã de camisinha, e nenhum dos dois estava muito preocupado mesmo pois já tínhamos em mente que já que o primeiro veio não queríamos esperar muito pelo segundo.

-Hmmm! Fala com ele que existe uma coisa chamada vasectomia agora tá, senão daqui a pouco lá vem o terceiro!


AHHHHHH NEM GENTE! PQP! Ninguém merece viu!? Juro que respirei fundo e respondi com toda a sobra de educação que me restava:


- Poisé... ele até tava cogitando, mas eu não deixei, afinal, EU TENHO BABÁ, minha vida é muito fácil, então quero o terceiro e até um quarto se bobear... com babá é mole né?!!!


E sai! Fui pra longe com o Vítor. Fingi que queria jogar bola quando queria na verdade me livrar daquele olho gordo, dor de cotovelo, recalque ou sei lá como chama essa uruca!


A babá dos meninos, que é um doce, minha amiga, minha ajudante mas que em nenhum momento substituí meu papel veio atrás indignada e me contou mais um pouco das pérolas da criatura recalcada...


- "Essa menina está muito grande! Você enfia leite nela né? Mãe que tem babá deve sair de casa, bater perna o dia todo e nem amamentar a pobrezinha!"


- "O menino dela não deve ter tido trabalho nenhum pra adaptar na escola né? Deve ser desgarrado. Acostumado a ficar sem a mãe!"


Não que eu deva explicações a ninguém, mas fiquei bastante chateada com esses comentários preconceituosos e infelizes! Eu corto um dobrado pra amamentar a Luiza exclusivamente até hoje que ela está beirando os 6 meses, sendo que a um mês atrás a pediatra já liberou a frutinha se eu quisesse ter mais tempo livre e eu não quis antecipar a inserção da alimentação assim como não fiz com o Vítor!


Eu faço tudo correndo feito louca... sacolão, supermercado, banco, TUDO pra não perder tempo de estar com eles!


Eu raramente consigo fazer um jantar digno pro marido porque não tenho tempo! Eu lavo meus cabelos com uma frequencia bem menor do que deveria...sim, porque não tenho tempo! Várias coisas que eu gostaria de fazer por mim estão sem fazer, porque não tenho tempo! Eu ajudo, vejo, visito, converso muto menos com as minhas amigas do que que gostaria porque não tenho tempo!


Eu não escrevo aqui no blog com frequência, porque pra conseguir escrever tem que ser num tempinho que ambos estejam dormindo, senão eu prefiro estar com a cria. Eu abdiquei de ter a minha profissão pra poder estar com eles em todos os momentos, pra vir uma folgada, sem noção, que não sabe da minha vida falar baboseira!?


Minha vontade era voltar lá e responder tudo que não respondi! Ou então fazer hora com a cara dela: é minha filha,ela é gordinha assim porque é filha de um gordo e rico que arrumei! Ele banca tudo enquanto eu vivo com o garotão fazendo mais filhos pro bobo bancar! Ou... Ela é gordinha assim porque não tenho saco de amamentar e lasco leite condesado no leite na mamadeira!


Ahhh nem viu!? Tenha dó!


Tudo nessa vida são escolhas! Quando eu não tinha a Nice para me ajudar, minha qualidade de vida e da minha família era muito pior... Eu vivia cansada, descontava nas crianças e no marido, não dava conta de fazer tudo, vivia insatisfeita com a casa (ela não é só babá não!), enfim, eu não era feliz e por consequência minha família também não estava bem! Não que eu queria ou precise justificar nada... Queria apenas que as pessoas entendessem que antes de olhar pro jardim do outro e pensar que a grama é mais verde, lembre-se sempre que atrás de TODA escolha existem renúncias! Pra ter alguém aqui pra me ajudar, meu marido e eu abrimos mão de vários outros luxos e regalias que o dinheiro que gastamos com ela poderia bancar!


Além do mais, eu penso que a sociedade em si já coloca um peso muito grande no papel de mãe ra outras mães ficarem colocando ainda mais lenha na fogueira e mais peso na missão! Que se você não der conta de tudo sem ajuda, e de tudo PERFEITAMENTE, você precisa se sentir menos por isso. E triste mesmo é ver por aí mães se degladiando pra se sentirem melhores às custas da diminuição de outras mães..."Porque meu parto foi melhor que o seu, porque eu amamentei mais tempo, porque eu faço tudo sozinha, porque pedir ajuda épara os fracos e blablabla!"


E mais engraçado ainda que eu acho, é que pagar uma babá não pode não... Mas deixar na casa da vovó pra ela ajudar sem receber nenhum centavinho por isso PODE e não torna ninguém menos mãe!


Ai ai! Cansei viu!?


Menos pitaco e mais amor por favor! Menos disputa e mais acolhimento umas com as outras! Estamos todas no mesmo barco! Todas sebemos as dores e delícias da maternidade!


Um joinha pra você que não tem ajuda e se acha mais por isso tá!? quer ganhar um troféu? O traféu "fala com a minha mão!"




ps: Desculpem o momento desabafo! Mas essa foi demais pra mim!


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